Morreu no último final de semana o psicanalista José Ângelo Gaiarsa, aos 90 anos.
Li alguns de seus livros quando freqüentava a biblioteca pública da minha cidade natal, Bento Gonçalves. Lá não havia muitos dos trabalhos de Gaiarsa como divulgador reichiano, mas lembro, entre os poucos disponíveis, do impacto que me causou a importância dada para o corpo, para os gestos, o tom de voz, a imitação dos jeitos dos outros como forma de acolhimento. Até hoje, até mesmo quando leio literatura, presto atenção no tom de voz das personagens, seus gestos etc. As ideias de que os poderes sociais atuam no corpo, muitas vezes de maneira deletéria, e de que um silêncio meditado ajuda a compreendermos engessamentos na nossa linguagem são ainda hoje importantes para mim.
Não sei quanto Gaiarsa é respeitado pelos seus pares. Caso não seja, está aí mais um motivo para pensarmos nos limites que a especialização vai impingindo e na possibilidade libertadora que a divulgação cordial e coloquial de ideias pode incrementar.
Avánti, Gaiarsa. Descansa em paz, meu velho.
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