Ontem foi dia da Consciência Negra. 20 de Novembro. As grandes empresas que às vezes fazem também jornalismo, poderiam ter discutindo, ao longo de todo o mês, as questões da população negra (mas não era o 20 de Setembro, não é?).
Um dos motes poderia ser a discussão em torno do racismo na obra de Monteiro Lobato. O problema é que ao invés de tomar um aspecto de conscientização e debate, o racismo apresentado por certos intelectuais se tornou alvo de uma discussão que tenta argumentar as vantagens de não discutirmos.
A revista Veja, cada vez mais afundada na estupidez de sua posição política, saiu com uma sequência de chiliques lastimáveis, entre os quais o do Augusto Nunes e o da Lya Luft. Não vou argumentar a razão de os textos serem chiliques e serem chiliques lastimáveis já que a escritora Ana Maria Gonçalves o fez com sabedoria.
É artigo fundamental pois tem a grandeza de levar o debate para a esfera pública e incitar mudanças nas instituições nas quais os pensamentos racistas são construídos e circulam. Do lado oposto, estão sempre lá os que acham que não precisamos fazer nada, que o racismo vai acabar por si mesmo (desde que continuemos lendo a Veja e o Monteiro Lobato?), e até os que pensam que o Brasil não é um país racista.
Coloco na roda, ainda por causa do Dia da Consciência Negra, um artigo de Milton Santos, escrito em 2000. Ao invés de nos afundarmos na sandice e no silêncio, temos a possibilidade de ler e discutir material produzido por vozes que, legitimamente, lutam contra a sandice e o silêncio.
A ideia de imprimir um livro sorriu-lhe; e daí a pouco era raro passar por uma loja sem ver no mostrador um prospecto assim concebido: GOIVOS E CAMÉLIAS, por Luís Tinoco. (...) - Que lhe parece o título? - Magnífico. - (...) "Goivos e camélias" parece que é um título distinto e original; é o mesmo que se dissesse: tristezas e alegrias. - Justamente.
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